Pouco mais de um ano e meio
se passou e a alemã Grave Digger retorna a Curitiba, divulgando
o álbum The Last Supper, apresentando uma das capas mais
polêmicas da história da banda, porém, até
o momento, ainda sem versão nacional.

Antecipadamente,
agradeço aos organizadores do evento, em especial, Beto
e Erika Toledo, pelo excelente trabalho. Houve mudanças
positivas no local após o show das bandas Tristania e Kreator,
começando pela limitação dos ingressos –
que evitou a saturação do local –, e a extinção
das comandas de consumação, acabando com as filas
na saída.
Levamos pouco mais de três horas de viagem para chegar ao
local do show, Espaço Callas, o qual não convém
fazer comentários, visto que o mesmo já foi citado
em outras resenhas (ver bandas supracitadas). A fila para entrar
era grande e aumentava a cada instante, porém, com a abertura
das portas, logo tudo se normalizou. Uma volta pelo local, uma
água para aliviar a sede, som mecânico ao fundo,
diferenciado na área do show e no bar.
Da janela era possível ver lá fora jovens músicos
com instrumentos, indicando que haveria uma banda de abertura.
Aliás, este foi um dos comentários surgidos durante
a viagem: “Qual banda abriria o show?”, já
que nada a respeito havia sido divulgado. Uma cerveja era comprada
quando se ouviu o público exaltado. Dirigimo-nos então
à frente do palco, e para nossa surpresa, lá estavam:
Stefan Arnold, Jens Becker, H. P. Katzenburg, Manni Schmidt e
Chris Boltendahl.

The
Last Supper abre a apresentação, seguida por Desert
Rose, mostrando que as músicas do novo álbum, criticado
por muitos, soam melhores ao vivo. Até o momento, nenhuma
surpresa, visto que certamente, um dos objetivos do evento é
a divulgação do trabalho mais recente. Porém,
o melhor ainda estava por vir, pois a apresentação
pode ser considerada como uma mistura de “Flash Back”,
abrangendo músicas de todos os álbuns (exceto Strong
Than Ever, mesmo porque este é apenas da Digger), com alguns
“B Sides”, ou seja, músicas ótimas,
mas não tão conhecidas. Obviamente, os clássicos
não ficaram de fora, mas foi uma sensação
inexplicável ouvir músicas como The Grave Dancer,
do Heart Of Darkness. Do mezanino, observavam-se cabeças
incansáveis, quando Chris anuncia uma música de
1984... Shoot Her Down faz o local tremer! Particularmente, não
esperava ouvir isso ao vivo.
As cabeças continuavam batendo ao som de The Reaper, Excalibur,
The House, Circle Of Witches e Valhalla, quando mais uma música
sai do fundo do baú, desta vez, Paradise, do War Games.
Para quem ainda não conhece o material mais recente, Grave
In No Man’s Land é apresentada, seguida pela clássica
Margane Le Fay e mais uma inesperada, Sympnhony Of Death. Entre
uma música e outra, Chris interagia constantemente com
o público, elogiando o público brasileiro e perguntando:
“Vocês querem mais?” The Dark Of The Sun antecede
Knights Of The Cross, a qual foi cantada quase que inteira pelos
presentes, e certamente, foi uma das que mais entusiasmou. Na
seqüência, Twilight Of The Gods e um breve intervalo.

A formação atual da banda estabilizou-se no álbum
ao vivo Tunes Of Wacken, ou seja, é a mesma da tour do
Rheingold, em 2003.
Observou-se, porém, que algumas coisas não mudam,
e por sorte, coisas boas, como a presença de palco e interação
com o público. Nitidamente, percebia-se a sensação
de prazer em tocar, não apenas o lado financeiro. Não
só Chris, como Frontman, liderava o palco e, ao contrário
do que ocorre em outras bandas onde o baterista fica escondido,
no Grave Digger, Stefan Arnold é uma das principais atrações,
tocando com precisão, vontade e realizando “malabarismos”
com as baquetas constantemente. Indescritível é
ver numa mesma apresentação, ex-membros de “medalhões”
como Rage e Running Wild, ainda mais quando esses membros participaram
das formações clássicas das bandas supracitadas.
Uma das mudanças percebidas foi a maquiagem de H.P. Katzenburg,
trocando a antiga caveira, por um rosto negro e de olhos luminosos
vermelhos. Por mais que o teclado não tenha ênfase,
principalmente nas músicas antigas, a presença deste
músico no palco dá um caráter mais teatral.

Depois de algumas palavras trocadas com o público, Chris
apresenta e banda e The Grave Digger é tocada. Mais uma
vez, repete-se a pergunta: “Vocês querem mais?”,
seguida de: “O que vocês querem ouvir?”. Nisso,
em coro, ouve-se a resposta do público: “The clan's
are marching `gainst the law - Bagpipers play the tunes of war
- Death or glory i will find - Rebellion on my mind”...
sem contrariar o público, Rebellion é executada
e elevou a taxa de adrenalina da platéia, tanto quanto
Knights Of The Cross.
Mais uma pequena pausa, Manni entra sozinho no palco e enquanto
brinca com a guitarra, é possível ouvir em coro:
“Bussunda!, Bussunda!, Bussunda!, Bussunda!”, uma
analogia ao humorista do Casseta e Planeta. Ele parece não
entender, mas não se importa e inicia os primeiros acordes
de Rheingold.
Infelizmente o show chega ao fim, apresentando mais três
clássicas, sendo elas The Roundtable, Lionheart e Heavy
Metal Breakdown.
Por mais que alguns estejam criticando negativamente The Last
Supper, um show do Grave Digger é algo imperdível
e único, pois poucas bandas transmitem tanta energia ao
público numa apresentação.
Deixo os agradecimentos finais ao pessoal da Show Master (www.showmaster.com.br)
e ao pessoal da excursão, principalmente Makila Crowley
(www.makilacrowley.com.br) e Leandro. As 23 músicas executadas
foram: